E você se vai, rumo à escuridão contínua, e eu vou logo atrás, sem te ver, mas ouvindo sua voz que me hipnotiza e que me sangra os ouvidos, permitindo que apenas ela seja escutada, até que você para de falar, e eu respiro fundo, sem esperanças, até que sinto seu cheiro adocicado, ah, nem o perfume de mil rosas é comparado ao seu cheiro, que logo se torna um doce veneno e me entorpece o corpo, até o momento que saio daquele doce sonho e volto a escuridão, perdido, sem vê-la, sem ouvi-la, senti-la, e me fecho em minha alma. Desde o começo foi assim, perseguia-a por corredores estreitos, o que ela percebia, parecia gostar daquele jogo de esconde-esconde, onde brincava com meu coração, com cordas, o controlava e o guiava, como uma marionete, até onde estava só pelo prazer de fugir novamente, com seu sorriso sádico estampado em seu rosto. ‘Talvez as cordas ainda estejam em meu coração, talvez ela ainda me ame’ pensei, e me guiei por cordas finas que enquanto eu as segurava, me lembravam dela, malditas cordas, como as odiava, até que me deparei com ela, abeira do abismo com chamas negras e varias pessoas que lamentavam suas vidas, prestes a serem incineradas, a chamei pelo nome, e ela então disse, sorrindo:
- Se você realmente me ama, você vai entender.
Para alguém que vive uma vida inteira fugindo (não apenas de mim), era simplesmente impossível parar, se fixar, pedras que rolam não cria musgos.
E então ela pulou, apenas observei seus cabelos ao vento, rumo ao seu fim...
...e eu, de joelhos, permaneci na escuridão
Alberto Mateus Sábato Sousa - Bebeto Desking
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
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Criativo, emocionante e com um tom de suspense!
ResponderExcluirMuito bom, muito bom mesmo!