domingo, 12 de julho de 2009

Noite

E a insônia persiste, minha cara por detrás de todas essas mascáras desiste de tentar superar a luxuria, que persiste, imortal, enquanto os sons vindos do corredor permanecem agudos e inconstantes, me assustam de tempo a tempo, para me lembrar que não estou sozinho, há mais alguem na escuridão da minha casa, alguma coisa que espera para rastejar para debaixo dos meus cobertores. Em meio ao suor que me gruda o corpo nos lençóis, finalmente adormeço sem querer e me perco em meus sonhos, até a luz do meu quarto se ascender, eu ver a singela figura de camisola e pés no chão morder os lábios de inquietação e caminhar em minha direção:
-Você? Denovo não
De joelhos peço perdão
Perdoe esse pobre coitado
Por uma vez ter te amado

-Então feche este buraco,
Essa cratera em seu coração.
Perdoe você este fraco
Que vive sem os pés no chão

-Esta é a minha sentença por amar!
Tento lembrar do nosso amor
Mas quando tento, só sinto dor!

-Pare de se flagelar!
Ja não lhe basta o tormento
De relembrar(todo dia) esse momento?

Enquanto eu gritava em pânico estes versos profanos, ela com toda a calma se aproximava lentamente, até silenciar minha fala com um beijo que selava, todas as noites, nosso encontro, eterno em minha memória.Como eu a amava, como eu podia sentir sua pele macia, abrir os olhos e ver aquela cara de menina, eu poderia viver com aquilo até o resto dos meus dias. Como eu sentia a falta do amor dela. E então eu abro os olhos, continua tudo escuro, mas ela não está mais ali, como nunca esteve.Inconsolável, me recolho dentro de mim mesmo e murmuro baixo, para que só ela pudesse perceber:
-Luxúria, como eu odeio você

Alberto Mateus Sábato Sousa - Alberto Desking

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